O neném faz uéim uéim uéim uéim… Pela cidade!
Comédias possuem essa capacidade simples de poder utilizar uma mesma moral em diferentes situações, onde vemos todos os personagens buscando objetivos semelhantes e cada um fazendo de um modo diferente, produzindo diferentes tipos de humor e um incrível senso de união dentro do grupo. O roteiro de “The One with the Baby on the Bus” é feliz ao fazer com que cada história contada seja especialmente construída com ideias semelhantes servindo como base.
Aliás, esse episódio é ainda muito mais efetivo por ser capaz de unir duas duplas com semelhanças incríveis: Phoebe e Rachel enfrentam a questão da decepção no campo profissional, permitindo o choque entre o espírito alegre da primeira com outro momento importuno de sua vida, que por si só é bastante perturbada. A história permite essa dinâmica que acaba sendo aproveitada da melhor maneira possível, com alguns dos diálogos mais profundos que foram criados pelos roteiros da série até hoje. É interessante como a série é capaz de iniciar uma situação incrivelmente divertida e progressivamente aproveitar aquilo para que as duas personagens que habitualmente não possuem tanta interação quando comparadas com suas outras relações individuais. A direção faz um trabalho excelente ao utilizar a apresentação musical para fazer a transição para a discussão das duas, o momento mais engraçado do episódio por combinar uma epifania sincera por ambas as partes e encerrar com uma piada absurda que contrasta com todo o tom emocional da conversa.
Ross e Monica aparecem na situação mais orgânica do que as outras que compõem o episódio. Observe como as ações e reações soam extremamente naturais aqui, fazendo com que um simples acidente seja a oportunidade perfeita para que as diferenças entre os irmãos Geller entrem em jogo. A narrativa simples permite com que eventos semelhantes tornem-se mais divertidos do que deveriam, como a básica piada sobre apertar forte a mão de alguém que está do lado quando Ross está assustado.
Por falar em Monica, a piada recorrente sobre o choro do bebê é excelente por ser abordada de diversas maneiras ao longo do episódio, servindo como uma básica cold open até mesmo como parte essencial do grande desfecho do mesmo. O grande trunfo aqui é usar a complicada vida de Monica e afundá-la ainda mais, fazendo com que a personagem seja motivo de chacota por causa do grupo. Courteney Cox é bastante convincente ao demonstrar isso com seus olhares ameaçadores, que se tornam ainda mais divertidos quando colocados diante da reação amedrontada do resto do grupo.
Enquanto isso, Joey e Chandler possuem a incrível proeza de perder um bebê dentro de um ônibus. A história é capaz de ir se afastando do previsível aos poucos, não deixando que as discussões envolvendo a sexualidade dos dois tomem muito espaço e passando imediatamente para outras discussões com o passar do tempo. Um traço marcante dos dois é como eles sempre possuem consciência do que eles podem parecer para as outras pessoas, mas, na realidade, admitir isso é considerado um sinal de fraqueza por parte deles, o que faz com que esses momentos relacionados a mulheres tornem-se especialmente divertidos. Joey, aliás, rouba a cena em inúmeras oportunidades por participar de uma história que é perfeita para o tipo de humor que ele traz para a série. A cena em que eles jogam uma moeda para escolher o bebê é eficiente graças ao desespero dele, algo que é muito mais extrapolado do que o comportamento de Chandler, que (mesmo estando também desesperado), tenta agir como a voz da razão que simplesmente não existe entre os dois personagens.
“The One with the Baby on the Bus” acerta em vários pontos graças a sua incrível simplicidade, abordando como aquelas pessoas podem depender uma das outras não importando a situação e suas causas, fazendo com que o vínculo entre eles possa ser expandido através de diferentes tipos de humor que são incrivelmente efetivos ao longo dos vinte minutos.

Source:
http://www.seriemaniacos.com.br/flashback-friends-2x06-the-one-with-the-baby-on-the-bus/